domingo, 28 de janeiro de 2018

Fernando Pessoa e o Desassossego… (1888 - 1935)


"Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples.
Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra todos os dias são meus.."


Poeta português, editor, astrólogo, publicitário, jornalista, empresário, critico literário e político, Pessoa nasceu em Lisboa e viveu parte da infância e juventude na África do Sul, onde recebeu educação inglesa. Aos 14 anos compôs suas primeiras poesias e prosas em inglês e só aos 20 anos passou a compor em português.

Pessoa foi um dos mais importantes poetas da língua portuguesa e figura central do Modernismo português. Sentiu na pele o chamado “mal do século”. 

Em suas obras deixou uma reflexão real e profunda sobre o tédio e a normalidade, tema marcante no Livro do Desassossego. Oscilando entre a euforia e a depressão, confessou neste livro suas angústias com a mediocridade da vida normal, e pode-se dizer que a solidão, as saudades e o sonho foram suas grandes musas.

Esteticamente foi preciso, alheio à realidade e entretanto real no estético, puramente artístico na consciência de si mesmo.

Pessoa teve uma vida de escassos amores, poucos amigos e bastante álcool e somente dava vazão ao que realmente era, percebia e sentia quando escrevia, revelando as sensações profundas de uma alma solitária. Era essa sua estética de indiferença, de escrever por escrever, inutilmente, para ninguém, que o levou a ser fatal, um espelho da alma da eternidade de uma grande escritor, tão frágil, tão translúcido, em busca de desvendar os mistérios da existência.

Talvez por isso se desdobrou em vários. Mostrando o mito do individualismo, Pessoa gostava de se refugiar em personalidades inventadas por ele mesmo para exprimir os vários poetas que conviviam dentro de si, e dessa forma foi múltiplos. Não criou pseudônimos mas sim heterônimos, ou seja, indivíduos diferentes, cada qual com seu mundo e linguagens próprias, deixando sair o que secretamente angustiava ou encantava o autor.

Fernando Pessoa mostrou muito pouco da sua obra enquanto vivo e morreu em 1935, aos 47 anos, com cólica hepática aguda.



O LIVRO DO DESASSOSSEGO

O Livro do Desassossego, foi publicado pela primeira vez em 1982 (quase 50 anos depois da morte de Fernando Pessoa) e resulta da junção de textos avulsos encontrados no espólio de Pessoa. 

Eficaz, misterioso, nublado, o livro, que está mais próximo da poesia que da prosa, se projeta dentro de nós.

Ali estão fragmentos autobiográficos, textos introspetivos, reflexões metafísicas e confissões das angústias mais íntimas do autor, através de um diário fragmentado do heterônimo de Bernardo Soares, um ajudante de guarda-livros, redigido a partir de um escritório da Baixa de Lisboa, num 4.o andar da Rua dos Douradores.

Como é escrito sob a forma de diário sem datas, o Livro do Desassossego é uma obra fragmentária, sempre em estudo por parte dos analistas pessoanos, tendo estes interpretações
díspares sobre o modo como organizar o livro. 

Os mais puristas defendem a publicação "ideal" do "Livro do Desassossego" em versão folhas soltas, sem encadernação, o que, segundo os mesmos, permitiria manter a ideia original de Pessoa, deixando a cargo do leitor o encadeamento da leitura.

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